8- Desejos.
Eu podia ver os lábios de Ana se aproximarem de mim, meu corpo reagia estranhamente a isso. Eu queria beijá-la e ao mesmo tempo queria fujir.
Mais um desejo incontrolável começou a dominar cada partícula do meu corpo, era mais que uma simples vontade de tocar e beijar, era algo mais como se eu quizesse devorar todo o sangue que pulsava em seu pescoço. Meus olhos brilhava de desejo, minha boca deliberadamente estava molhada, a saliva enchia minha boca meu corpo começava a avançar sobre ela.
Eu tentava retesar meu corpo para trás, mais o desejo era completamente maior, os lábios de Ana se aproximavam cada vez mais, era o momento decisivo ou deixava que meus instintos me guiassem, ou simplesmente fugiria desse momento. Prendi minha respiração e minha sanidade voltou por um instante, parei meu corpo e olhei ela fixamente.
- Eu tenho que ir Ana, esse não é o melhor momento. Até mais tarde!
Eu não conseguia pensar, minha boca ainda estava salivando querendo pela sua veia pulsante. Era como se eu esperasse por isso a séculos.
Mais eu poderia causar a morte dela, e se causasse isso eu jamais seria feliz.
Andei até meu carro, o ódio crescente em meu cérebro me fez ter vergonha de tudo o que pensei em fazer com ela. Eu saí de lá com meu carro e fui para casa. Chegando em casa Brian e Mícara estavam sentados na sala com Melissa ao meio, ela estava completamente desolada e isso me deixava completamente seu rumo, eu poderia me sentar e falar coisas bonitas para ela, mais eu mesmo não me sentia confiante sobre isso, era como se estivesse falando uma mentira para mim mesmo.
Subi as escadas com os olhos fechados a dor parecia cessar um pouco assim, eu estava me sentindo horrível mais não só pela morte do meu criador, mais também por não ter Ana por completo ao meu lado.
Me atirei na cama e ali o pequeno filme do enterro e das palavras de Ana, vinham a tona, eu deveria ou não ter contado a ela a verdade sobre mim e minha família? Deveria revelar o que sou?
Trinquei meus dentes de raiva.
Era para eu estar sendo forte para Melissa e os outros, e claro desse jeito não era a melhor solução para tudo.
- Brian. - sussurei para o quarto.
Em segundos a porta do quarto se abria.
- Me chamou Jeremy? - ele me fitava com o canto dos olhos.
- Sim preciso de sua ajuda e conselhos Brian.
Me levantei e dei espaço para ele se sentar na cama, eu suspirei e tentei encontrar as palavras certas para falar.
- Como vou conseguir, ser o líder da família? - eu disse com desespero na voz.
- Jeremy, você já é um líder nato só precisa parar de ter medo dessa responsabilidade. Você tem que ser forte cara, Melissa e Elizabeth precisam de você mais do que você imagina.
Eu só podia sentir dor e tristeza, mais elas precisavam de mim eu seria forte por elas.
Me levantei da cama e fui para a grande janela de vidro e contemplei vaziamente a floresta a minha frente.
- Você está certo Brian, não vou deixar isso acabar com minha família, elas precisam de mim e vou ajudar no que for preciso. Se eu ao menos tivesse Ana ao meu lado.
Eu arfei, e mordi o lábio inferior em forma de protesto, não queria pensar em Ana como desculpa, mais é claro que minha mente viajava sem querer até aos seus olhos e seu cheiro completamente maravilhoso.
- Não acha que já está na hora de contar a ela e tomar um rumo em sua vida? - as palavras dele foram como um tapa de leve em minha cara.
- Acha que é o certo eu fazer isso Brian? Destruir a vida dela por puro egoísmo? - eu soquei a parede de leve e um longo trinco apareceu na superfície azul da parede.
- É egoísmo você não deixar ela decidir isso Jeremy, dê as opções para ela e concerteza ela vai saber o que é melhor para ela, deixe de ser estúpido uma vez na vida. - ele se levantou e foi em direção a porta.
- Eu vou pensar sobre isso. - olhei para ele.
- Acho que você sabe o que tem que fazer, só resta mostrar a ela que você não é um monstro como pensa que é. - ele abriu a porta e saiu do quarto.
A tarde foi passando numa velocidade surpreendentemente rápida, era quase a hora do crepúsculo, eu só podia esperar pela noite e que ela passasse mais rápido ainda. Eu só queria parar de pensar nela por um momento e respirar.
Minha mente foi invadida por um pensamento que me chamava e este era um pensamento realmente especial, era o de minha mãe Elizabeth. Ela estava conseguindo bloquear meu acesso a seus pensamentos e isso era uma coisa que ela jamais faria sabendo que estaria por perto.
Sua mente caiu na inconsciêcia o que era realmente estranho para mim, disparei até o seu suntuoso quarto, e pelo que parecia não havia nada fora do lugar a não ser pelas roupas que não estavam no closet e por um pequeno bilhete em cima da cama.
Peguei o Bilhete e o abri rapidamente, no pequeno pedaço de papel cor-de-rosa, algo estranho estava escrito:
Jeremy e Elizabeth.
Não posso mais ficar com vocês,
Não tente nunca me procurar será uma perda de tempo.
Eu quero ficar sozinha e para sempre.
Cuidem-se! Amo vocês.
A última parte daquele bilhete estava molhado, deduzi que podiam ser lágrimas, lágrimas de desespero e que podiam me deixar mais abalado ainda.
E melissa? Como ela podia fazer isso com Melissa? Isso era tão injusto.
- Ela foi embora não foi irmão? - Melissa se esgueirava atrás de mim.
- Não, ela não foi só precisou sair por umas semanas. - eu sorria.
- Sua mentiras não são boas Jeremy. Ela não vai voltar eu sei disso e você também sabe. Ela não nos ama não é verdade?
- Melissa não diga bobagens maninha, ela nos ama sim só precisa de um tempo para ela, e você sabe bem que me tem aqui não é? - eu tentava esconder meu profundo desapontamento com minha mãe, que não estava agindo como mãe, como podia abandonar Melissa?
- Bom mano só posso contar com você agora, seremos felizes? - ela não fazia uma pergunta e sim um pedido ou talvez um desejo.
- Melissa eu te prometo irmã, vamos continuar e ter a nossa família agora. - eu sorria mecânicamente, era mais fácil sorrir assim.
Ela me deu um profundo abraço claro para um humano normal quebraria seus ossos, foi um abraço suplicante eu beijei sua testa e a levei para a sala novamente para juntos dos outros.
- Brian minha mãe foi embora! - eu me sentava ao lado de Melissa na sala.
- Como assim Jeremy? Por que ela fez isso? - ele olhava horrorizado para mim e Melissa.
- Acho que ela precisava estar sozinha um pouco, eu não a condeno e espero realmente que ela consiga superar. - eu tentava sorrir.
- É mamãe vai voltar para a gente acredito eu. - Melissa era confiante em suas palavras.
- Então você e Melissa são os únicos Ions que sobraram aqui em Olympia? - Seiky saia das sombras como habitualmente fazia.
- Sim nós somos os únicos desta vez. - eu o encarava.
- Isso ficará um pouco mais interessante do que eu imaginava, não concorda Adam? - ele sorria para Adam.
- Concordo plenamente com você Seiky, apenas dois Ions isso é completamente diferente do que previra. - ele revirava os olhos.
- Do que vocês estão falando? - eu perguntei aos dois.
- Nada meu pequeno Jeremy, apenas não acreditamos que só restou vocês dois no clã. - ele sorria sarcasticamente.
- Não vi graça nenhuma em seu pequeno comentário inútil e ridículo Seiky. - eu estava começando a ficar com ódio.
- Você vai achar ainda muita graça nisso tudo. ele se afastou sorrindo.
Os dois vultos voltaram para as sombras, era estranho de se pensar que Adam e seiky fossem a mesma pessoa só dividido em dois corpos. O que mais me deixava enjoado era de seus pensamentos completamente homicídas e aterrorizantes.
Lembro-me uma vez do que meu pai disse sobre os dois:
- Meu filho conhece a história de Seiky e Adam?
- Não pai eles nunca mencionaram nada a respeito deles.
- Bom o que eu sei eu vou contar mais guarde isso para você, entendeu Jeremy? - ele me olhava com terror nos olhos.
- Claro que sim pai eu prometo.
- Seiky e Adam são como parasitas, eles precisam dos outros talentosos para viver, ao que me parece Adam encontrou Seiky no final da primeira guerra mundial e juntos fizeram um pacto de assassinar qualquer humano que encontrassem, e praticamente foi um banho de sangue. - ele exitou.
- Acho que se pode dizer que mudaram por causa de Brian e sua família, mais algo me diz que não foi por isso que mudaram, portanto se um dia eu faltar a você não se esqueça disso. Eles não são confiaveís, eles não irão pensar duas vezes em trair vocês se caso perceberem que correm perigo.
- Eu entendi pai e ficarei de olho em cada passo que derem e ao sinal do passo em falso eu mesmo me encarrego deles. - eu arfei.
- Mais pai eu não entendi esse pacto que eles fizeram, por que isso? - eu olhava com total descrença.
- Apenas para mostrar aos humanos que eles eram soberanos, Adam e Seiky tentaram construir um reino apenas deles, mais ao que parece eles chegaram ao ouvido dos Seres Poderosos, e estão para ser destruídos quando Brian e sua família os encontrou. Ao certo não sei se foi de propósito ou se foi destino, mais com a ajuda da família de Brian eles conseguiram as desculpas. - dava para perceber os desejos dos dois.
Depois dessa conversa que tive há muito tempo com meu pai, fui percebendo os aspectos singulares de cada um dos dois.
Eram unidos, nunca baixavam a guarda como se esperasse um ataque de qualquer pessoa que esteja a volta deles.
A noite estava completamente densa, não havia vento algum e muito menos barulho, era uma noite completamente vazia, eu consegui andar e pensar pela casa toda, já que para mim a noite era um completo deserto inútil em minha existência. Eu precisava pensar em outra coisa que não fosse a minha Ana, mais era uma coisa que eu não podia fazer, era o mesmo que pedir a um cego que enxergasse. E lá estava ela de novo em meus mais profundos pensamentos.
A essa altura eu já podia dizer que estaria ficando louco por amar uma humana, mais saber que essa humana era totalmente apaixonada por mim também era a felicidade mais perfeita.
Eu queria meu recanto feliz, a minha fortaleza onde só meus pensamentos podiam entrar e ali ficarem seguros.
Tentei andar por mais alguns cômodos da casa mais foi inútil, era o meu quarto que eu deseja estar.
Com a mão na maçaneta da porta empurrei a porta lentamente e a tranquei, essa minha atitude era completamente desnecessária já que qualquer um deles poderia arrombar minha porta com um simples toque, mais com a porta trancada eu sentia que podia deixar meus pensamentos vagarem pelo muro de minha fortaleza que era protegida por essa porta.
Minhas noites eram frias, sem vida, completamente negra. Com a presença de Ana em minha vida essa noite foi trocada por um céu iluminado tinha estrelas e tinha vida, era o meu céu estrelado.
Ana era quem me devolvia a vida de humano, e ao mesmo tempo eu queria tirar essa vida de humana que ela tinha seria justo? - eu suspirei
Tudo o que eu queria dela era seu amor, seu coração e eu daria a ela qualquer coisa que ela imaginasse em ter, eu daria a minha vida a pequena humana que conseguiu entrar em minha vida destruída e construir uma vida melhor do que eu jamais poderia pensar. Eu poderia voar nesse exato momento. - revirei os olhos rindo.
Sempre imaginei minha existência como um grande buraco negro que sugava qualquer ponta de felicidade que eu poderia ter, hoje posso pensar em agradecer a Deus por ter me colocado Ana na minha vida vazia.
Eu precisava do seu amor desesperadamente como a planta de água e luz, eu só queria amar ela para toda a eternidade.
Era um risco que eu poderia correr mais eu tinha que contar toda a verdade para ela, e sinceramente desejava ser o mais rápido possível.
Duas coisas poderiam acontecer. A primeira hipótese seria ela ficar apavorada e não querer mais me ver o falar comigo, nada mais justo já que venho escondendo dela esse segredo há um bom tempo.
A segunda hipótese era a mais improvável que eu pensei, que era ela não me temer e querer ficar comigo do mesmo jeito, mesmo sabendo que eu poderia matá-la ou arruinar sua vida.
Era um desejo meu, um simples desejo de que ela me amasse e vivesse comigo por toda a eternidade, mais eu jamais conseguiria tirar a vida da pessoa que eu mais amava em todo a minha existência, a minha grande lua branca que conseguia clariar minhas noites mais escuras e que fazia meus olhos ficarem completamente cegos por sua grandeza e beleza.
Ela era um vicio para mim, uma droga que eu necessitava ter em minhas veias diáriamente e que eu sempre procurei.
O amor não seria apenas uma coisa passageira, o amor seria o começo da construção de tudo que eu agora mais queria na vida, que era a minha vida ao lado dela para sempre.
Esse era o meu desejo, ter Ana para sempre em minha vida e poder fazer ela feliz para toda a eternidade, mais eu estaria pronto para ser egoísta e tirar sua vida apenas para me satisfazer?
Seria um monstro a ponto disso? Ou ela iria querer viver a eternidade comigo? - dei um tapa em minha testa por pensar essas bobeiras estúpidas.
Eu falaria toda a verdade ela querendo ou não e colocaria a prova se o amor que ela sente por mim poderá vencer essa barreira existente entre nós.
Minha barriga deu uma volta e me senti enjoado só de pensar no amanhecer e topar com ela na escola e contar tudo sobre minha existência.
Olhei para o relógio e já era cinco da manhã.
- Melissa! - eu a chamei a minha voz parecia estar uma oitava mais alta só de estar nervoso.
Eu corri para a porta e a abri, Melissa entrou silenciosamente e sentou em minha cama.
- O que aconteceu irmão? - ela me olhava assustada.
- Me decidi e amanhã na escola contarei tudo para Ana sobre quem são os Ions. - eu cuspi as palavras como se fossem tiros disparados.
- Mano mais isso é perfeito. - pela primeira vez desde a morte de meu pai eu a vi sorrir e seu sorriso me fez ter muito mais coragem para conversar com Ana.
- Você acha mesmo irmã? - eu podia corar nesse exato minuto, se conseguisse claro.
- Sim maninho, eu acho. Está na hora de você mostrar para ela quem você, não somos nenhuma aberração para você esconder isso dela. - ela sorria.
- Jeremy dá para ver que ela é a sua vida agora, portanto não demore mais para dizer o que sente. - ela estava completamente feliz.
- Sim maninha de amanhã não vai passar mais. - eu pisquei para ela.
Ela se levantou da cama e parou junto a porta com um sorriso entre os dentes brancos.
- Vê se toma um banho e se arrume, mulheres gostam de homens lindos e arrumados. - ela me mandou um beijo com a ponta dos dedos.
Revirei os olhos de indignação.
Ela conseguia fazer piadinhas de tudo, era inacreditável.
O primeiro raio de luz despontou pela minha janela, estava chegando a hora do momento decisivo, era a hora da verdade para Ana e para mim, eu tentei demorar e me arrumar lentamente mais a euforia me fez terminar tudo mais rápido do que de costume, eu estava parado a porta da sala ainda faltava meia hora para o ínicio da aula e eu estava completamente inquieto.
Entrei em meu carro que estava guardado na imensa garagem e pisei no acelerador que parecia um tigre ronronando enquanto disparava entre as árvores, abri minha janela pra deixar o ár da manhã entrar e bater em meu rosto isso melhorava a ansiedade e meu desespero. Contudo consegui chegar na escola ainda mais cedo do que todos.
Nem as músicas dessa vez ajudavam o meu cérebro a se acalmar, eu estava completamente preso ao banco do carro, com o passar dos minutos os alunos começaram a chegar no estacionamento da escola.
Ouvi o som que fez meu estômago pular e dar uma volta. O pequeno Sentra de Ana estava sendo parado há alguns carros do meu como de costumo, com toda a coragem que ainda me restava eu tentei sair do carro, minhas pernas imóveis ficaram presas no acelerador e na embreagem do carro.
- Anda Jeremy Ion. - arfei e me levantei.
Parei em frente a traseira do meu carro, e acenei para ela quando ela me viu, seu rosto corou mais ela seguiu em minha direção.
Eu só fazia tudo isso por um simples desejo. O desejo de amar ela incondicionalmente e para sempre.
A distância diminuia entre nossos corpos, seria o começo de tudo.
poxa Kaio, toda vez eu penso que ele vai contar pra ela. aheuhauehuahehaeu
ResponderExcluiresse suspense...
espero que no capitulo 9 ele finalmente conte pra ela, porque eu não aguento mais de curiosidade. KKKKKKK
beijos kaio.