domingo, 23 de agosto de 2009

10 - Revelação.



Era como se todo o mundo tivesse parado diante dos meus pés, eu não sentia meus pés era como se tudo estivesse fugindo do meu alcance.
Tudo o que eu tinha escondido por semanas para me proteger havia sido dito e esclarecido hoje, não havia mais volta.
Eu estava tão insano, que meus pés sumiram e meus joelhos cederam. Ajoelhado no chão, ainda conseguia ouvir a respiração irregular de Ana em meus ouvidos, o pequeno coração de Ana disparava a cada respiração era doloroso demais ouvir aquele som.
Foi Ana que me tirou de meus desavaneios quando sua voz soou fraca em meus ouvidos:
- Eu já sabia o que você era Jeremy. - ela me fitava docemente nos olhos.
- Mais como você já sabia, eu jamais dei alguma pista do que eu era. - olha estarrecido por aquela simples revelação me fazer tão bem.
- Jeremy, você jamais comia, fala como se vivesse décadas atrás, sem contar que você é forte, rápido e gelado demais. - ela tomou fôlego e continuou. - Quando senti que você era gelado eu já havia percebido tudo, sem contar que havia feito uma pesquisa sobre vampiros na internet antes.
- E agora você tem medo de mim, Ana Smith? - eu a olhei com os olhos atormentados.
- Eu não tenho medo de você Jeremy. - Ela se aproximou e ajoelhou na minha frente como um anjo, e tocou de leve o meu rosto pálido e gelado, eu a olhei e senti seus olhos se fixarem aos meus.
- Pois devia sentir um medo terrível de mim Ana, eu sou um predador e você a minha presa, já ouviu falar em cadeia alimentar? - senti minha voz sair entrecortada.
- Eu confio em você e sei que jamais vai me ferir.
- Não quero que seja tão otimista, posso te machucar mesmo não querendo.
- Eu não me importo, já estou envolvida demais para voltar atrás Jeremy! - sua voz subiu uma oitava.
- É tão suícida assim? Não seja tola! - eu me levantei sentindo um arrepio pelo meu corpo.
- Não sou suícida Jeremy. eu te conheço você é bondoso e gentil, e jamais me machucará. - as palavras dela me enchiam de raiva ou invés de tranquilidade, eu sabia que não era tudo isso e que eu podia machucá-la da pior forma possível, ou até mesmo matar ela.
- Você não sabe o que está dizendo Ana!
Me levantei e fui até a grande pedra em que eu estava sentado minutos atrás, sem o menor esforço levantei a pedra do chão e a atirei com força no rio, o barulho foi realmente muito alto e pequenas ondes quebravam na beira do rio.
- Você está vendo o que posso fazer se eu não me controlar? - meus olhos faíscaram nos dela.
- Jeremy, Por favor eu não quero ficar longe de você. - ela se aproximou e me abraçou apertado.
Foi como um chicote elétrico em meu corpo, tudo reagiu instintivamente eu só queria tocar sua pele como ela fez comigo mais um súbito desejo de colar meus lábios em seu pescoço e lhe devorar a vida percorria cada célula insana de meu corpo gélido. Tentei afastar a idéia de meu corpo e da minha mente insana, tentei controlar mais tudo estava acontecendo muito rápido, era uma confusão eloquente de sentimentos e eu só sabia que eu a deseja, queria seu corpo, seu sangue quente e vermelho bombando por suas veias.
Meus olhos ardiam como se estivesse abertos pela primeira vez, era como se existissem dois Jeremys, o que a amava acima de tudo e de todos, e o Jeremy insano que só pensava em Ana como uma fonte de alimento.
Seu sangue pulsava, seu cheiro adocicado estavam me deixando completamente atordoado e sem sentido algum, minha boca salivava como nunca havia salivado antes, meu corpo ficou em forma de ataque.
Mais por alguns segundos, uma brisa leve nos tocou e pude em segundos voltar a si e me afastar dela e me esconder nas sombras das árvores como um tiro cego de uma arma.
- Jeremy onde você está? - ela procurava frenética por mim.
- Não se aproxime por favor!
- Por que saiu assim tão rápido, eu fiz algo de errado?
- Vou levar você embora agora, só me deixe acalmar. Foi o momento mais difícil da minha vida agora. - minha voz saiu entrecortada.
- Por que? Fiz algo de errado Jeremy? - ela suplicava desesperada.
- Não, você não fez nada, eu sou um monstro. - minha cara era de pavor e eu não queria que ela visse isso, tentei me recompor mais estava sendo mais complicado do que imaginava.
- O que está acontecendo Jeremy? - sua voz subiu algumas oitavas até sumir.
Eu me esforcei ao máximo e sabia que meu rosto de dor não iria desaparecer tão rápido, sai de entre as árvores com o rosto torturado mais escondia ao máximo meu pavor.
- Vamos! Vou te levar para casa Ana, e te deixar segura lá. - eu tentei sorrir mais fracassei.
- Jeremy eu só queria... - ela parou no mesmo instante e apenas sorriu.
- O que foi Ana? O que você gostaria minha querida?
- Só queria segurar sua mão. - ela disse desanimada.
Estendi minha mãe lentamente para ela, peguei a sua mão, e novamente o choque elétrico passou por meu corpo, mais agora era uma sensação calma, serena eu só a queria por perto. Teria que controlar minha sede ao lado dela, o que para mim não era tão fácil como eu previra.
- Acho que o monstro se apaixonou perdidamente pela humana. - Eu só consegui sorrir.
- A humana é completamente maluca em querer um monstro como você. - ela sorria pela primeira vez depois de tudo. - Mais acho que consigo ser louca a tanto...
O doce sorriso de Ana conseguiu me iluminar, meu estômago deu voltas.
Ela enconstou sua cabeça em meu ombro, então a virei para mim e olhei fixamente em seus olhos.
- Queria tentar uma coisa Ana, você deixaria eu tentar?
- E o que seria isso? - ela me olhava desconfiada.
- Se me deixar gostar de te pegar no colo, estamos atrasados já e seu pai não vai demorar muito a chegar. E como você é meio desequilibrada quero levar você mais rápido.
- Meu pai? - ela me olhou assustada. - Tudo bem, pode me levar Jeremy.
Eu a levantei do chão como se fosse um pluma leve de um pequeno travesseiro, a envolvi em meu peito segurei bem firme e respirei.
- Segure firme, está pronto minha querida? - eu agora sorria com os lábios repuxados.
Ela se encolheu em mim, passando os braços em volta do meu pescoço.
- Sim, agora eu estou Jeremy.
- Você irá gostar.
Dei o primeiro passo e disparei pela floresta, a sensação de correr livre com a minha amada me deixava completamente feliz, era como se minha vida se resumisse a esse momento o tempo todo.
As árvores pareciam grandes borrões verdes enquando eu corria como um vulto pálido pela densa floresta que já ia escurecendo.
O que eu não daria para ter aquele momento para sempre, acho que daria sem exitar minha imortalidade ou qualquer poder que adquiri. O vento batia como uma brisa leve em meu rosto, era uma sensação de liberdade maior do que qualquer outra coisa que já havia feito.
A corrida levou apenas alguns minutos, quando deixei Ana em pé ela estava meio pálida e molhada de suor.
- Meu amor você está bem? - Olhei preocupado com ela.
- Sim só estou meio tonta. - ela arquejou as pernas, eu a segurei de leve pelo cotovelo e a coloquei no carro.
- Está realmente se sentindo bem?
- Agora estou Jeremy, obrigada! - ela já estava sorrindo e menos pálida.
- E agora quer namorar um vampiro ainda? - eu sorria com sarcasmo.
- Acho que me arrisco a tentar, com tanto que você não me faça de refeição no café da manhã. - Ela riu. - Confesso que sou horrivel quando acordo.
Eu simplesmente congelei na poltrona ao seu lado trincando meus dentes.
Por mais que ela estivesse sorrindo, suas palavras soavam como um chicote que estava pronto para me açoitar.
Ela percebeu e tentou concertar o que tinha dito.
- Jeremy eu só falei brincando, além do mais eu confio em você.
- Eu sei minha querida, mais eu realmente não confio em mim o quanto você confia e o quanto é necessário para isso.
- Quantos anos você tem jeremy? - ela sorria.
- Tenhu dezoito anos Ana.
- Eu sei que tem dezoito Jeremy, queria saber há quanto tempo você tem dezoito?
- Fui transformado em um vampiro há duzentos anos atrás Ana. Tenhu duzentos e dezoito anos praticamente, quem me transformou em vampiro foi Jonatan o meu pai.
- Mais como foi que você foi transformado? - ela me olhava interessada em meu assunto.
- Meu nome é Jeremy Conner e nasci em São Francisco na Califórnia em 1882, eu tinha uma bela família meu pai Frederich e minha mãe Julieta Conner, junto com meu irmão mais novo chamado Eliot.
Na época eu acabei sofrendo com uma doença, hoje conhecida como tuberculose, naquele tempo minha família toda pegou e ninguém sobreviveu,e Jonatan na época era quem cuidava dos doentes junto com os médicos. Com a ajuda de Deus, ele me tirou de lá e me levou para a pequena casa onde ele morava, e antes de morrer ele me transformou. - fiquei com os olhos distantes tendo esse pensamento.
- E doi muito? como seria o processo? - seu olhar curioso me instigou a continuar a falar lentamente.
- O processo dura um dia inteiro para quem está a beira da morte, meu pai disse que para uma pessoa com a saúde plena demora até 5 dias mais enquanto isso a pessoa sofre uma dor com a qual nunca sonhou. - estremeci ao me lembrar dakele imensa dor consumindo meu corpo como fogo queimando cada parte de meu corpo.
- E se eu quizesse me transformar agora? - ela me olhou de canto.
- Não queira pensar nisso, aproveite o que você tem de melhor Ana.
- Mas...
- Tenho que te levar embora de uma vez Ana, está tarde e seu pai chegará na sua casa em exatos 6 minutos.
- Puts! Meu Pai! Esqueci dele. Ele vai me matar.
Pisei no acelerador que roncou baixo sobre o toque e disparei pela avenida em direção a casa de Ana. O carro disparava entre as ruas, até eu estacionar meu carro no meio fio e olhar em seu rosto perfeito novamente.
Peguei uma longa mecha de seu cabelo e passei por meu rosto sentindo seu cheiro adoçicado.
- Vai querer ir para a escola com um vampiro amanhã? - eu sorria.
- Vou adorar correr esse belo risco. - ela me olhou e avançou para me beijar, mais tive que impedir antes que eu pudesse me descontrolar novamente.
- Não me tente minha querida por favor. - eu sorria.
- Até amanhã. - ela corria até a porta da casa.
Eu apenas consegui soltar um sorriso pelos meus dentes trincados e acelerei meu carro o colocando para correr até minha casa.
Parando meu carro na imensa garagem da casa, disparei ancioso para dentro da casa.
Melissa e Brian me esperavam na sala de teve, me aproximei lentamente e então seus olhos já encontraram os meus.
- Como foi? - Brian dizia todo sorriso.
- Ela aceitou ficar com você maninho? - Melissa dizia rápido.
- Calma gente, eu vou ficar meio louco com vocês assim em cima de mim. Vou falar mais um de cada vez.
- Mais então? Deu tudo certo? Ela já sabe? - eles diziam praticamente quase juntos o que me deixava completamente acanhado pelo modo que disparavam suas perguntas para mim.
- Fala logo Jeremy que coisa. - Brian falava ancioso.
- Sim eu contei tudo a ela meu amigo. - eu sorria, mais nos olhos de Brian e de Melissa pairava o estado de choque.
- Mais e ela o que ela disse? - Melissa praticamente se encolhia ao dizer isso.
- Ela aceitou naturalmente, aliás ela já sabia o que nós eramos então tudo ficou mais fácil entendem. Ela me aceitou do mesmo modo e eu a amo demais por isso.
Era como seu tivesse havendo uma festa em casa, quando Melissa e Brian se atiraram em cima de mim me dando os parabéns e felicitações por estar com alguém que amasse muito.
As unicas coisas que não gostei muito foi ouvir certas coisas como. - largou de ser solteirão. - nossa até que enfim.- Mais fora isso foi tudo muito engraçado.
A noite estava tempestuosa, havia muita chuva eu e Melissa estavamos no salão de jogos, apenas testando nossas capacidades mentais em um grande jogo de banco imobiliário, o que me deixava em um completo tédio.
Minha mente sabia vagar lentamente para os pensamentos em Ana, o meu mundo de fantasias se baseava nela, toda a minha vida se baseava nela e era dela que eu precisava mais do que me alimentar.
Brian entrou lentamente como um vulto branco na sala e sentou em uma cadeira ao meu lado distraído olhando nosso jogo.
- Quem ta ganhando? - ele ria, ele sabia exatamente que Melissa estava perdendo por causa do meu poder.
- Não seja ridículo Brian, é claro que meu irmão está ganhando. - Melissa dizia bufando. - E ainda tem coragem de usar o poder para trapacear.
- Você só tem tamanho de criança e sabe disso Melissa. - eu estava gargalhando.
O tempo lá fora estava começando a ficar feio, estava chovendo demais e como não poderia faltar grandes trovões e relâmpagos cortavam o céu de segundo em segundo.
Foi o tempo de um clarão e então alguma coisa surgiu entre as sombras.
Um vulto encapuzado pairava sobre o beiral de carvalho da porta dupla na sala de jogos.
- Quem é você? - Eu me joguei na frente de Brian e Melissa.
- Jeremy Ion há quanto tempo não?
A voz soou fina e estridente debaixo do grande capuz preto, eu estava completamente desligado pelo jogo por isso não percebi a chegada do intruso.
O vulto começou a deixar a capa cair e meus muscúlos relaxaram.
- Então é você? - eu sorria
- Sim sou eu Jeremy!
O pessoa que eu jamais esperava estava diante de mim com seus dentes faiscando para mim...

Um comentário: