12- Consequências.
Era estranho ver que eu estava completamente ligado a uma pessoa com a qual nem em sonhos eu poderia estar. Tentei desacelerar meu carro que começou a passar dos 60 km/h, era excessivamente inebriante a sensação que Ana me causava mesmo estando apenas calados, o carro deslizou pelo asfalto até começar a sentir o chão periférico do estacionamento da escola.
Abri minha porta e sussurrei em seus cabelos:
- Me espere aqui por favor!
Beijei seus cabelos e sai do carro, deslizei em direção á sua porta e a abri lentamente e pegando em sua mão para ajudar a descer do carro.
Sua mão hesitante sentiu o pequeno choque térmico que meu corpo causava ao dela, era engraça sentir seu corpo estremecer e ver cada película de seu braço eriçar, e ela sorrir. Passei o braço em volta de seu corpo e nos deparamos com a consequência disso tudo, todos os olhos da escolha nos olhavam com curiosidade, alguns com reprovação outros com indiferença e até mesmo raiva, era complemente vicioso escutar a mente de todos e ouvir a opinião de cada um deles, é claro que isso não me importava em absolutamente nada, mais mesmo assim era uma coisa meio desagradável.
Andamos devagar olhando para frente sem ao menos prestar atenção em mais nada, senti ela enterrar sua cabeça em meu peito e correr mais rápido.
- O que foi amor? - eu sorria com seu jeito.
- Todos estão nos olhando e eu não gosto disso sabe. - ela sorriu com amargura.
- Nem todos estão olhando, mais é claro estão pensando nisso neste exato momento Ana. - eu ria.
- Ai estou ferrada não estou?
- Provavelmente sim, está namorando com um cara que quer seu sangue, isso significa que sim meu amor.
- É uma boa hipótese essa sua meu dentuço. - ela ria sem se importar agora.
- Vamos para a aula o sinal já tocou, te vejo mais tarde meu amor.
Toquei seus cabelos de leve com minha boca e estreitei um sorriso mostrando ár de notória decepção de ficar sem vê-la.
As aulas passaram indistintas por mim, tudo parecia andar mais lento do que o normal, e para mim isso me deixa completamente enlouquecido.
A hora do almoço veio para aliviar meu desespero de ficar sem ela, sentei habitualmente no mesmo lugar, com meus pés en cima de uma outra cadeira e ali esperei impaciente por ela.
Logo vi seus lindos olhos focados em mim na fila do almoço, ela corava mesmo que apenas me olhasse e eu retribuisse o olhar com um sorriso, ela se acomodou ao meu lado, e me olhava calada, isso me deixou um tanto curioso já que ela nunca ficava assim então disparei a falar num tom mais baixo que o normal:
- O que você tem Ana? - eu a olhei desesperado. - Aconteceu alguma coisa amor?
Ela deu um longo suspiro, ela não me fitava e muito menos me olhava de canto apenas olhava para suas mãos e suas palavras vieram abafadas:
- E se sua família me detestar, ou pior ainda não deixar eu ficar com você Jeh? O que vai acontecer comigo depois disso? - ela tinha um certo tom de desespero que fluia pelas palavras entrecortadas.
- Ana eles não irão fazer isso, eu já contei sobre você a eles e todos eles aprovam, e para mim não importa o que eles pensam. Você sabe que já é complicado demais para mim me afastar agora, eu preciso muito mais de você do que você precisa de mim meu amor.
Você é a estrela noturna que clareia minha visão na tempestade, não entendeu que você é a minha vida Ana? - eu a olhava com serenidade esperando sua resposta.
Era difícil de acreditar que ela tinha receio do que as pessoas iriam dizer sobre ela e não sobre mim, era em um tanto engraçado mais rir neste momento só faria piorar sua dor e não era isso que eu precisava ver nela.
- Jeh, você ainda não percebeu que você é mais lindo, mais esperto, mais culto e mais atraente do que eu?
Você é tudo que todas as garotas querem... - Tapei sua boca com meus dois dedos gelados e então balancei a cabeça com um sinal de negação.
- Você que não percebeu que sou assim por ser um vampiro, essas habilidades, beleza e meus poderes não são meus e sim da minha condição de vida.
Eu te amo e te quero do jeito que você é meu amor, cada traço do seu rosto, cada fluxo de sangue que te deixa corada, tudo em você para mim é perfeito e não quero que você pense que eu sou melhor que você.
Você me salvou de uma vida completamente depressiva e destrutiva, me fez entender que eu não preciso ser apenas uma aberração isolada e que posso ser feliz, será que pode entender o quando é importante para mim meu amor? - Eu estava feliz em poder dizer tudo aquilo para ela e vi que seu rosto de iluminou e que ela estava crendo em minhas palavras, minha boca automáticamente abriu o sorriso repuxado de dentes que ela dizia ser perfeito, eu sabia que havia tirado essa preocupação de sua cabeça, mais era um completo saco não saber o que ela poderia pensar ou suspirar era um tanto um inferno pessoal para mim não conseguir isso.
- Eu estou entendo agora Jeh, mais não se esqueça que você também é tudo para mim e não quero perder você. - Ela sorria para mim.
- Você jamais irá perder meu amor, por que eu terei a eternidade para te amar e assim que deve ser, eu vou viver com você enquanto você puder viver comigo.
O Sinal já havia tocado e precisavamos ir para a aula, eu iria repetir de ano não por notas já que era excepcionais, e sim por faltas.
- Vamos para a aula amor, estamos atrasados e não posso mais faltar.
- Te vejo depois da aula Jeh?
- Claro Ana, até depois da aula.
Disparei pelo corredor e ainda olhava ela atravessar o refeitório até o outro corredor, entrei na aula de história e deixei que minha mente vagasse e tentasse entender a partida dos outros de minha casa, era muito estranho tudo isso e me deixava completamente desconfortável.
Então pensei novamente nas palavras de Adam antes de partir.
... Você estará sozinho nessa disputa, tem certeza de que irá vencer os elementos??
- Os elementos? O que você quer dizer com isso? - eu o fitava com as sobrancelhas arquejadas.
- É o que andam dizendo, em cada morte de um especial eles deixam um envelope assinado por " Os 5 Elementos".
- Mais você sabe o que seria isso Adam?
- Eu não posso lhe afirmar nada meu amigo, mais eu irei descobrir e creio eu que terá notícias minhas em breve.
Depois dessas palavras me lembrava que Adam passou por dias trancafiado no sotão da casa separado de Seiky, coisa que nunca haviamos visto desde que os vimos juntos na casa de Brian.
O tempo passava indistindo enquanto meu olhar ainda continuava recaído na janela enegrecida pelas novas nuvens de chuvas que insistiam em fechar as mais claras.
Em questão de segundos as pequenas gotas começavam a tocar o chão e a janela, a chuva caia levemente sobre tudo, era um modo de deixar o dia um pouco mais triste, mais ao mesmo tempo me deixava com um simples desejo de disparar pela floresta e sentir as gotas cairem sobre meu rosto enquanto corro livremente pelos arbustos e arvores.
O sinal tocou fundo em meu consciênte, arrumei minhas coisas maquinalmente e disparei para a sala de aula de Ana.
Ela como sempre me esperava na parede do corredor em frente ao seu ármario.
Eu abri um largo sorriso enquanto acompanhava seu doce sorriso com meus olhos.
- Pronta para ir embora?
- Bom se você não se incomodar estou mais do que pronta Jeh.
- Não se esqueça Ana, que hoje é meu dia de perguntas entendeu? - eu a olhei de canto de olho.
- Você não se cansa dessas perguntas Jeh?
- Não! - eu sorria descaradamente.
- Isso não tem graça! - ela suspirou e revirou os olhos.
- Para mim tem, é incrível como você fica linda encabulada meu amor.
- Ta bom, deixa de papo furado e vamos logo Jeh, estou com um pouco de fome. - ela ria.
Andamos pelos corredores apinhados de alunos, para mim a coisa mais irritante em ser um aluno são as pessoas com os papos fúteis e voluvéis de sempre. As vezes sentia frustração e um toque de rancor sobre meu dom que era inútil em um lugar como esse.
No carro a pequena sensação desagradável desaparecia como gelo em um dia quente, e o ár quente inundava o pequeno espaço entre eu e Ana.
- Como foi a aula hoje? - olhava com meu grande sorriso.
- Foi cansativamente inútil, eu só consegui pensar no sinal para ir embora. - ela escondia o rosto pela cortina de seus cabelos escuros. - E o seu como foi?
- Um completo marasmo, o melhor do meu dia é quando estou perto de você.
O motor do carro roncou baixo sobre nossos pés, e seguimos em direção a casa de Ana, o pequeno espaço entre nós dois parecia completamente eletrificado, a sensação de querer deixa-lá em meus braços era mais forte que qualquer outra coisa em mente, olhar ela e ver o poder que ela exercia sobre mim era completamente incoerente, na verdade era novo tudo isso para mim.
- Posso começar? - eu a olhava intensamente.
- Pode começar se você olhar para frente, eu não quero morrer. - ela ria
- Não confia em mim?
- Eu confio, mais prefiro prevenir do que remediar mais tarde.
- Então, do que mais tem medo? - girei o volante lentamente para pegar a rua da casa de Ana.
- Antes eu tinha medo de monstros e fantasmas e até mesmo de altura, mais depois que te conheci, meu maior medo é perder você para sempre. - ela suspirou lentamente.
- Eu sinto muito em dizer que jamair irá me perder Ana. Eu estou com você e isso não irá mudar.
Parei o carro como sempre em frente á garagem da casa e ali passamos horas e horas em conversas sobre a cor que ela odiava na unha e até mesmo o que a fazia passar mau do estômago.
O meu mundo se resumia a ela definitivamente, era tudo o que eu sempre esperei em décadas de vida ou de semi vida como Brian costumava dizer, mais agora era tudo real ela estava ali para mim, sempre que eu quizesse e eu estaria para ela sempre que ela quizesse e necessitasse.
O Sol já estava indo embora quando me dei conta que precisar ir embora e olhar Melissa, Ana também percebeu isso e abriu a porta do carro de leve
- Está tarde Jeh, amanhã iremos á sua casa mesmo? - ela sorria
- Sim iremos, posso vir te pegar que horas?
- Venha ás oito e não se atrase viu!
- Oito em ponto estarei aqui, até amanhã Ana.
- Até Jeh! - ela caminhou até a porta e esperou que eu partisse.
Meu carro atingiu o chão arenoso da floresta em segundos, então pude pisar fundo e acelerar até chegar em casa.
Estacionei na vaga do meu pai desta vez e entrei na casa, Melissa estava parada completamente paralisada olhando a televisão junto com Brian e Mícara no sofá.
Parei completamente petrificado e feliz por eles estarem ali juntos com Melissa, mais meu ódio veio primeiro e disparei as palavras em um rosnado ensurdecedor:
- O que vocês estão fazendo aqui? - avancei alguns passos em direção a eles.
- Jeremy calma irmão, eles voltaram para nos ajudar. - ela se colocou em minha frente protegendo eles.
- Cale a boca Melissa e para o seu bem saia da minha frente. Não admito traídores em minha casa, saíam daqui agora.
- Jeremy meu amigo por favor! - Brian tentava se desculpar
- Não sou seu amigo, fora da minha casa!
- Irmão, eles tem pistas dos assassinos, por favor agora acalme-se para saber o que eles foram fazer.
Meu corpo congelou ao ouvir a palavra assassino, então lentamente meu rosnado que saia do fundo da garganta cessou e me sentei na poltrona de frente para eles.
- Estou aqui e esperando que me contem tudo de uma vez!
- Iremos contar Jeremy!
- Agora sabemos um pouco de toda a história e você irá se surpreender. - Brian disse com a voz solene e grave.
Isso poderia mudar muita coisa ou poderia acarretar consequências piores do que eu jamais iria imaginar, mais apesar de tudo a verdade estava ali a poucos centímetros de mim e era necessário ouvir tudo.